“Havendo
Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho” (Hebreus 1.1,2).
Só
há vida-liberdade espiritual plena e saudável quando se está no Evangelho, e
nem sempre quem está na igreja-templo está nesse Evangelho. Uma fé fora do da mensagem de Cristo gera adoecimento espiritual em uma medida ou em outra. Por isso, quando alguém
está fora do Evangelho passa a demonstrar sinais de fanatismo religioso, esquizofrenia,
escravidão ao pecado, dentre outras doenças da alma.
Dessa
forma, para que possamos entender nossa Liberdade em Jesus, precisamos entender
o que é o Evangelho.
O Evangelho é o próprio Cristo.
Ele é a personificação e a revelação plena da Palavra: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14). Tudo
o que Ele viveu e ensinou é Evangelho.
Toda
a Escritura que veio anteriormente a Jesus tinha como objetivo principal testemunhar
acerca dele. Foi por isso que Filipe exclamou: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram
os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José” (cf. João 1.45).
Logo
no começo da Bíblia, após o pecado do homem, Deus anuncia de forma rasa que
haveria de vir alguém para destruir a cabeça da serpente que havia posto o
homem naquela situação de separação de Deus (cf. Gn 3.15). A partir daí a
revelação bíblica vai progredindo e o Messias que haveria de vir vai tomando
forma pelo fato de que os profetas vão dando características mais profundas
acerca dele. Vejamos algumas dessas características:
Moisés
afirma que Ele seria profeta: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus
irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15);
Filho
de Deus: “Ele me
disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.” (Sl. 2.7);
Sumo-sacerdote:
“O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu
és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Sl 110.4);
Seria
traído por alguém: “Até
o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra
mim o calcanhar.” (Sl 41.9);
O
preço seria trinta moedas: “Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não,
deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de prata.” (Zc
11.12);
Nasceria
de uma virgem: “Portanto,
o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um
filho e lhe chamará Emanuel.” (Is 7.14);
Locais
onde Ele costumaria ensinar: “Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a
terra de Naftali; mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão,
Galiléia dos gentios. O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que
viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” (Is 9.1-2);
Seria
da descendência de Davi: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo.
Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de
entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento
e de temor do SENHOR.” (Is 11.1-2);
Cidade
em que nasceria: “E
tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá,
de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (Mq 5.2);
Longânimo
e misericordioso: “Não
esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade,
promulgará o direito.” (Is 42.3);
Libertar-nos-ia
de males espirituais: “O
Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar
boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a
proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados” (Is
61.1);
Realizaria
curas físicas: “Então,
se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os
coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas
arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo.” (Is 35.5-6);
Salvador
dos gentios: “também
te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade
da terra.” (Is 49.6);
Se
entregaria a maltratos: “Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam
os cabelos; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam” (Is
50.6);
Seria
sacrificado em nosso lugar: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados.” (Is 53.5);
Iria
ressuscitar: “Pois
não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja
corrupção.” (Sl 16.10).
O
Antigo Testamento está repleto de profecias que caracterizavam como seria o
Messias, e o último profeta que testemunhou acerca dele foi João Batista. Por
isso está escrito: “todos os Profetas e a
Lei profetizaram até João” (cf. Mt 11.13).
As
profecias que começaram de forma rasa foram tomando forma até que João aponta
para Jesus e afirma de forma indubitável: “Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29).
Após
a Lei cumprir seu principal objetivo de apresentar Jesus aos judeus, não havia
mais necessidade de que ela continuasse em vigor, visto que um ensino superior
havia sido trazido por Jesus, e esse ensino é o amor. Do amor se ramificam
todos os ensinamentos de Jesus, e é baseado nele que o salvo demonstra sua
mudança de vida resultante da fé. Afinal, como disse Paulo, “a fé atua pelo amor” (cf. Gl 5.6b).
Os
líderes geralmente não gostam muito de amadurecer a consciência das pessoas no
amor de Deus, posto dar mais trabalho, então preferem dar um “pacote” de coisas
as quais elas devem fazer para andar conforme Jesus. Isso é triste porque a fé
acaba se transformando em um “temor que
consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente
aprenderam” (cf. Is 29.13).
As
pessoas precisam entender que o ensino de Jesus se ramifica do que ele resumiu
em dois mandamentos. Um se refere ao nosso amor ao Deus-Pai, e o outro se
refere ao nosso amor ao próximo. Vamos analisar pormenorizadamente cada um
deles e entender o conceito que está por detrás de ambos.
1 – “Amarás o Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento.” (Mt 22.37).
Desse
mandamento se ramificam os ensinos do Evangelho que não tem diretamente a ver
com nosso próximo, mas a Deus. E o que Deus requer de nós não é porque Ele
precise, mas porque isso retorna para nós em forma de benefícios para nosso
crescimento espiritual. Assim, nosso amor a Deus volta como amor de Deus por
nós!
Por
exemplo, quando Deus requer nosso louvor, não é porque Ele precise. Ele tem
miríades de anjos que cantam melhor do que nós. Mas Ele quer que louvemos
porque o louvor faz bem ao próprio adorador, que ao cantar em espírito e em
verdade traz para dentro d’alma uma paz profunda e um grande consolo adquirido da
canção cantada.
Em
1 João 1.9 diz que devemos confessar os nossos pecados. Mas por quê? Afinal, se
cremos, já somos perdoados por meio de Cristo dos pecados que cometemos no
passado, presente e futuro! A verdade é que Deus não precisa ouvir nossos
clamores diários de perdão. Ele requer isso de nós para o nosso próprio bem. Quando
pedimos perdão, lembramos que somos pecadores e mantemos viva na nossa mente a
lembrança dos pecados cometidos. Se não pedíssemos perdão, as nossas atitudes
erradas nem seriam lembradas por nós como atos danosos, e cairiam na normalidade.
O pedido diário de perdão é um exercício para não deixar nosso coração
insensível em relação ao nosso pecado.
Quando
Deus requer de nós que nos congreguemos com outros irmãos, não é que Ele
precise que um grupo de pessoas se reúna periodicamente para bajulá-lo.
Congregar faz bem para nós mesmos! Quando estamos cultuando a Deus em conjunto,
somos beneficiados pela alegria de servir a Deus com pessoas que compactuam de
uma mesma fé, somos edificados pelos irmãos mais experientes na Palavra,
crescemos ao ver o agir de Deus no testemunho pessoal dos outros, recebemos
exortações em amor quando negligenciamos alguma área da nossa vida. Enfim,
congregar é essencial na vida espiritual do salvo, por isso é tratado com tanta
importância em Hebreus 10.25.
Deus
disse “Ide!” não porque Ele não pudesse ir, mas porque Ele sabia que faria bem
a nós se nós fôssemos. Muitas pessoas pensam que pregar é uma obrigação do
salvo, posto que se não pregar o nosso próximo não será beneficiado. Grande
engano! A ordem da pregação é primeiramente para que o pregador seja edificado
pela própria Palavra que vai pregar. Paulo disse: “ai de mim se não pregar o evangelho!” (cf. 1 Co 9.16). É
interessante que ele não diz “ai do meu próximo!”. Isso porque quando eu prego
o maior beneficiado sou eu, posto que a Palavra se internaliza com mais
profundidade em mim, e ao pregar me mantenho em maior vigilância para que viva
de forma coerente com o que ensino.
2 – “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo.” (Mt 22.39).
Amar
nosso próximo é também uma forma de amar a Deus. Afinal, o homem foi feito à
imagem e semelhança de Deus. E, semelhantemente ao primeiro mandamento, esse
também retorna em benefício para o que o pratica.
Quando
nós amamos nosso próximo na área dos relacionamentos, nós passamos por essa
vida de forma muito mais tranquila, posto não incharmos nosso coração com
sentimentos danosos como mágoa, rancor, raiva, inveja, cobiça e lascívia.
Além
disso, evitar que sentimentos semelhantes a esses venham a nascer em nosso
coração nos previne de praticar a consequência deles ao nosso próximo, que é o
dano propriamente dito.
Por
exemplo, Jesus disse que quando deixamos a lascívia criar raiz em nosso
coração, e em nosso íntimo desejamos a mulher do nosso próximo, já estamos
cometendo o início do adultério que, se não tratado, poderá sair das paredes do
coração e se tornar um adultério na prática com a pessoa a qual estamos
desejando. O que Jesus falou não tem nada a ver com desejar em seu coração a
sua namorada ou alguém que você goste. Afinal, isso é completamente normal e
sadio. O que não pode acontecer é adulterar em seu coração com uma mulher
casada, pois isso pode evoluir para a prática física desse adultério, o que
traria dor e sofrimento para ambas as famílias, quebrando assim o princípio do
amor ao próximo.
O
exemplo anterior pode ser aplicado a qualquer dos sentimentos que nascem do
coração que, se não tratados, poderão se materializar em práticas nocivas ao
próximo. Se dermos espaço à inveja, poderemos incorrer em falso testemunho; a
cobiça pode resultar em furto; a mágoa redundar em vingança; a raiva em
assassinato; e assim por diante. Por isso que está escrito: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o
coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4.23).
E
esse mandamento não se limita apenas a vigiar o coração para não praticar o mal
contra o próximo, mas também nos induz a exercitá-lo na prática do bem. “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando
assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio
Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber.” (Atos 20.35).
Socorrer
os necessitados não se limita apenas a dar um prato de comida a quem precisa,
mas pela fé ajudarmos a todos sempre que tivermos a oportunidade de fazê-lo.
Conforme a parábola do samaritano, devemos ajudar a quem está no nosso caminho,
isto é, quem está no nosso ciclo de convivência, posto conhecermos a sua
realidade.
Assim,
devemos ajudar com alegria os nossos pais em casa, nos empenhar na cooperação
mútua na empresa que trabalhamos, cuidar dos necessitados da nossa vizinhança e
extrapolar o nosso coração de amor em todas as áreas da nossa vida.
“Nós
sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele
que não ama permanece na morte.” (1 João 3.14).
Esse
é o testemunho que precisamos dar a sociedade: a prática genuína do amor. Isso
que significa ser a luz do mundo, o sal da Terra e o bom perfume de Cristo.
Dar
testemunho não é ficar discutindo sobre quantos centímetros sua saia deve estar
abaixo do joelho, ou se você está usando o cabelo conforme a religião
determina. Isso seria testemunho de loucura e fanatismo e não do genuíno
cristianismo conforme Cristo.
Nosso
guia de fé é apenas o Evangelho de Jesus. Afinal, tendo vindo Jesus, o Pai
deixou claro no monte da transfiguração a quem deveríamos ouvir. Naquela
ocasião, além de Jesus, estavam presentes Moisés (representando a Lei) e Elias
(representando os Profetas), mas Deus falou: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.” (Mt 17.5). Essa narrativa é tão importante que
está presente em todos os evangelhos sinóticos. Deus queria deixar claro para
todos que Jesus era o único com direito a ter voz na Nova Aliança!
Quando
falo que o guia do crente é o Evangelho de Jesus, estou dizendo que tudo nessa
existência que queira ser tido como verdade tem que passar pelo crivo dele,
inclusive a própria Bíblia.
Na
época da Reforma Protestante, em meio a discussões sobre quais livros eram
canônicos e quais não eram, Lutero proferiu aquilo que acredito ser a maior
chave acerca da qual devemos usar para entender o que é Palavra de Deus ou não:
“Cristo
é o Mestre, as Escrituras são apenas o servo. A verdadeira prova a submeter
todos os Livros é ver se eles operam a vontade de Cristo ou não. Nenhum Livro
que não prega Cristo pode ser apostólico, muito embora sejam Pedro ou Paulo seu
autor. E nenhum Livro que prega a Cristo pode deixar de ser apostólico, sejam
seus autores Judas, Ananias, Pilatos ou Herodes” (Martinho Lutero)
O
que Lutero falou está em consonância com o texto de João 11.49-53:
“Caifás,
porém, um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: Vós
nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e
que não venha a perecer toda a nação. Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas,
sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela
nação e não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos
de Deus, que andam dispersos. Desde
aquele dia, resolveram matá-lo” (João 11.49-53)
Caifás
foi um dos principais responsáveis pela perseguição e morte de Jesus. Mesmo
sendo ele um ser horrível, em dado momento o que ele falou foi considerado
Palavra de Deus. Posto que “sem querer” profetizou a mensagem da salvação, isto
é, que Jesus morreria em lugar de todos.
Com
isso, concluímos que a Verdade do Evangelho pode estar em qualquer lugar, desde
que esteja de acordo com o ensino e vida de Jesus. Para Deus, não faz diferença
se saiu da boca do apóstolo Paulo ou do terrível Caifás, se está escrito na
Bíblia ou numa poesia escrita por um descrente que nunca ouviu nada acerca de
Deus. Afinal, Ele age e se manifesta da forma que quer, e usa quem quer da
forma que lhe apraz. Se em uma aldeia distante aonde nunca chegou nenhum
missionário alguém resolver escrever numa pedra “não matarás”, será Palavra de
Deus, mesmo que eles nem ao menos saibam disso. Afinal, tudo que conduz à vida
e à piedade é de Deus (cf. 2 Pe 1.3), pois o ensino de Jesus é espírito e é
[gera] vida (cf. João 6.63).
Há
ainda um último ponto que precisa ser discernido: Jesus não é somente a
revelação plena e final da Palavra, mas é também a chave para se interpretar o
restante da Escritura. Nós não devemos ler Jesus a partir da Bíblia, mas sim ler
a Bíblia a partir de Jesus. Isso nos prevenirá de tirar conclusões erradas acerca
do que está Escrito.
“Se
alguém ensina outra doutrina e não concorda
com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a
piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de
palavras” (1 Tm 1.3,4).
A
Bíblia já foi usada como base para criar as maiores heresias que essa Terra já
viu. Os Mórmons, os Adventistas, os Testemunhas de Jeová, os Espíritas, os
Católicos e os Evangélicos usam como base da sua fé a Bíblia, mas cada um tem
sua própria interpretação e a grande maioria têm chegado a conclusões erradas
acerca dela.
Qualquer
um pode usar malabarismos com versículos bíblicos para se chegar a qualquer
conclusão que deseje, mas não se passar pelo crivo de Jesus. Então, quando
alguém vier lhe trazendo algum ensino, veja se esse ensino “concorda com as sãs
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo” contido nos quatro evangelhos.
Se
alguém vier lhe falar sobre reencarnação, ainda que seja usando versículos
bíblicos, procure em Jesus se ele tratou sobre isso; se alguém vier lhe falar
sobre doutrina da prosperidade, ainda que usando versículos bíblicos, veja como
Jesus tratou desse tema; se alguém vier lhe falar sobre guardar o sábado ou a
Lei de Moisés, ainda que usando versículos bíblicos, veja como Jesus tratou
esse tema; se alguém perguntar sobre divórcio, pena de morte, e qualquer outro
assunto do dia a dia, simplesmente veja como Jesus tratou esse tema.
Como
diria J. C. Ryle: “Tire a cruz de Cristo,
e a Bíblia será um livro obscuro. Ela seria como os hieróglifos egípcios, sem a
chave que interpreta o seu significado
– curiosa e maravilhosa, mas sem qualquer serventia real.”
Afinal,
em Jesus, “todos os tesouros da sabedoria
e do conhecimento estão ocultos” (cf. Cl 2.3). Tudo que nos conduz à vida e
à piedade está nele, e fora dele não há mensagem da parte do Pai que deva ser
considerada.
Finalmente,
é importante entender que quando falo de Evangelho com “E” maiúsculo, não estou
me referindo aos quatro evangelhos contidos na Bíblia. Porque se esses quatro
evangelhos tivessem todo esse poder, a mensagem da salvação não poderia ter
sido pregada até por volta dos anos 70 d.C., pois até essa data nenhum deles
haviam sido escritos ainda.
Portanto,
quando eu falo em Evangelho, estou me referindo àquilo que falei no começo: a
Palavra viva, o Verbo que desceu do céu, o próprio Deus encarnado em Jesus. Uma mensagem que está para além da letra morta, posto ser um espírito vivo.
É
bem verdade que, diferentemente dos apóstolos, praticamente tudo o que eu
conheço acerca de Jesus, conheço através do que está escrito. Porém, ao ler
acerca do que Jesus ensinou e viveu, posso discernir os princípios da mensagem
do Evangelho que estão ligados diretamente aos atributos do próprio Deus – o
amor, que já foi falado aqui, a justiça, a bondade, a santidade, a onipresença,
onisciência e onipotência. Foi por isso que Jesus disse: “quem me vê a mim vê o
Pai” (cf. João 14.9). Esses atributos são eternos e imutáveis, mas a aplicação
deles pode ser circunstancial ao contexto.
Assim,
ao entender os princípios dessa mensagem, podemos facilmente entender o que é
ou não algo apenas circunstancial no Antigo Testamento, nos quatro evangelhos,
e nas epístolas do Novo Testamento.
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